sábado, outubro 25

Cinema: A Produtora Invicta Film


O Início de Uma Produtora

Alfredo Nunes de Matos cria a sua modesta empresa de produções cinematográficas em 1910, mas é em 1912 que o produtor Nunes de Matos cria a “Nunes de Matos & Cia – Invicta Film”, na cidade do Porto.
Produziu documentários da actualidade, alguns com grande adesão pela sociedade da altura. Muitos deles foram exibidos em Portugal mas também no estrangeiro. São exemplo do sucesso da Invicta Film no estrangeiro Manobras Navais Portuguesas ou Grandes Manobras de Tancos, 1912, e também O Naufrágio do Veronese, documentando o desastre ocorrido em Leça da Palmeira, em 1913.
Conhecendo o sucesso conquistado pela Invicta Film, José Augusto Dias, sendo banqueiro, decide juntar-se a Nunes de Matos, apoiando-o financeiramente sempre que necessário.
Em Março de 1916, após a Alemanha declarar guerra a Portugal, a situação mostra-se desfavorável à produção cinematográfica. Contudo, Nunes de Matos não se deixa desanimar e decide então documentar assuntos exclusivamente portugueses.
Após, em 1917, ter sido assinada a escritura de uma sociedade de quotas, a Invicta Film adquire várias máquinas mais avançadas. Tentaram introduzir um novo processo cinematográfico, baseando na reflexão das imagens isoladamente tentando alcançar o relevo, a terceira dimensão.

O Contributo do Produtor Pallu
Georges Pallu é contratado pela Invicta Film em 1918. Foi Pallu o responsável pela produção da adaptação de Frei Bonifácio, de Júlio Dantas. Teve a sua estreia em 4 de Outubro de 1918, no prestigiado cinema Olympia, na cidade do Porto. Também realizados por Pallu, seguiram-se os filmes A Rosa do Adro, em 1919 também no cinema Olympia, e O Comissário de Polícia, no mesmo cinema, mas em 1920.

Investimentos Produtivos
Em 1919 a Invicta Film cria um acordo com o jornal Diário de Noticias. Este acordo baseia-se na publicação de folhetins e novelas pelo jornal que mais tarde seriam realizados pela empresa de produções cinematográficas. Deste acordo estabelecido entra as duas entidades, apenas resultaram um melodrama Amor Fatal e a tragicomédia Barba Negra.
Outros grandes investimentos de produtora Invicta Film foram, em 1921, a adaptação da obra Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco seguindo-se Mulheres da Beira e Quando o Amor Fala.

Anos de Ouro
Os anos mais produtivos foram 1922 e 1924. Os filmes realizados pela Invicta Film foram O Destino e O Primo Basílio, ambos em 1922 produzidos por Georges Pallu. Em 1923 foram realizados As Tempestades da Vida, de Augusto de Lacerda, e Os Lucros Ilícitos: Gold & Cia, de Pallu. E em 1924 foram realizados Tragédias de Amor, de Maurice Laumann, e Tinoco em Bolandas, de António Pinheiro. O Desfecho da Invicta Film
Apesar dos anos de produtividade da Invicta Film, foram surgindo algumas dificuldades financeiras em 1923. Como tentativa de resolução do problema, tenta-se exportar os filmes realizados para o Brasil e para os Estados Unidos de América. Contudo, as receitas obtidas pelas vendas, não foram suficientes para evitar o despedimento de todos os trabalhadores da Invicta Film, em 1924. Apenas deixa activo o laboratório, mas que em 1928 marca o encerramento definitivo da produtora portuense, Invicta Film.
Apesar do inevitável desfecho da Invicta Film, o início da nova década marca a total mudança do cinema português, começando os anos trinta com o cinema sonoro e a utilização de novas tecnologias na produção cinematográfica. Começaram então, anos de esperança no cinema português.

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