quinta-feira, maio 7

Pintura: António Charrua

Em primeiro gostaria de justificar a minha ausência neste blog nas últimas duas semanas. As preparações para a tertúlia, as actividades extra-curriculares onde participo e outras situações aliadas ao esquecimento levaram a que nas últimas duas quartas-feiras não elaborasse artigos de blog.

O artigo de hoje demonstrará a vida e obra de António Charrua. O nome deste pintor alentejano surgiu quando estava a explorar o site do museu do neo-realismo e os artistas cujas obras já tinham sido expostas neste museu.
António Charrua nasceu em 1925 e veio a falecer em Agosto do ano passado. O artista dedicou-se à pintura, escultura, gravura e cerâmica, evidenciando tendências expressionistas e abstractas.
Frequentou o curso de Arquitectura na Escola De Belas-Artes em Lisboa, porém não o terminou. Expôs individualmente pela primeira vez no Porto em 1953 e no mesmo ano participou na VII Exposição Geral de Artes Plásticas que teve lugar na Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) em Lisboa.

António Charrua esteve ligado a vários grupos e associações como a Cooperativa de Gravadores Portugueses (a GRAVURA), aos “artistas resistentes” e aos Independentes. Em 1960 o pintor foi galardoado pela Fundação Calouste Gulbenkian, onde actualmente está representado através das suas obras. Nos anos 60 as suas obras ganharam um grande carácter político, representando cenas políticas como a guerra colonial portuguesa e outras lutas internacionais como a guerra do Vietname.

Para além da Fundação Claouste Gulbenkian, as obras de António Charrua também estão representadas no Museu Nacional Soares dos Reis e no Museu de Helsínquia. As obras do pintor são apreciadas a nível internacional, mas a nível nacional este pintor não é reconhecido pelo grande público.

António Charrua foi um pintor extraordinário, singular e versátil que deixou-nos, a nós portugueses e ao mundo, uma obra original à qula devemos dar o merecido crédito
.


"(...) o gesto é para mim decorrente da emergência da própria força do acaso que deverá ser assumida, embora nem sempre ele faça lei. Encontro-o tão exacto e irrepetível quanto a própria vida... como quando encontramos alguém no decorrer da existência. Há sempre uma timidez, uma supressão no humano. Nunca dizemos suficientemente as coisas essenciais às pessoas importantes, como por exemplo isto: amo-te." António Charrua


"A minha obra vejo-a como uma pesquisa numa zona marcada pelo gesto expressionista, mas determinada por um certo desejo de equilíbrio, uma certa contenção (...)
Contrariamente ao que se possa supor, não se trata de começar no real, ou naquilo a que se chama natureza. Tudo se passa no plano da tela, e, recusada a ilusão, as coisas situam-se na continuidade do sentido estético, que o mesmo é dizer na própria obra de arte. Suponho que toda a pintura dita moderna apela a uma nova construção do espaço que tem a ver mais com o que se sabe do com o que se vê. Mas o real também está presente, na sua indeterminada, fascinante e misteriosa dimensão". António Charrua

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