O Neo-realismo surgiu como a segunda influente escola literária do século XX, sucedendo ao modernismo do início deste século. A sua época de afirmação na criação literária definiu-se as décadas de 30 e 40, incluindo em Portugal, onde esta corrente conheceu contornos exclusivos.
A escrita neo-realista bebeu da influência da corrente realista e naturalista que dominara o último quartel do século XIX, com autores como Eça de Queirós, assim como foi motivada pelas vitórias do modernismo e das novas concepções políticas e científicas que grandes nomes introduziram no início do século XX. Comummente aceita-se declarar que a crise financeira de 29 promoveu o surgimento desta corrente, concentrada na crítica social e política. Porém, de acordo com a realidade portuguesa, para o rumo do Neo-realismo contribuíram os movimentos democráticos que resistiam à ditadura, pelo que vários autores viram as suas obras censuradas e a sua liberdade criativa ameaçada.
A escrita neo-realista bebeu da influência da corrente realista e naturalista que dominara o último quartel do século XIX, com autores como Eça de Queirós, assim como foi motivada pelas vitórias do modernismo e das novas concepções políticas e científicas que grandes nomes introduziram no início do século XX. Comummente aceita-se declarar que a crise financeira de 29 promoveu o surgimento desta corrente, concentrada na crítica social e política. Porém, de acordo com a realidade portuguesa, para o rumo do Neo-realismo contribuíram os movimentos democráticos que resistiam à ditadura, pelo que vários autores viram as suas obras censuradas e a sua liberdade criativa ameaçada.
Segundo o próprio nome, as características do Realismo reflectem-se, em grande parte, no Neo-Realismo. A escola naturalista defendia o determinismo social e psicológico dos indivíduos, e esta crença será seguida com uma diferente veemência, ocasionada pelas doutrinas freudianas que assumiram o ser humano como criatura de complexas emoções e ambições, macerada por cicatrizes apreendidas no decorrer de toda a vida. Numa etapa posterior, o interesse pela digressão no intimismo do ser humano causará a corrente existencialista, que já registara passos no século XIX, a propósito de autores importantes como Dostoievsky. Para o registo neo-realista utiliza-se o distanciamento completo do narrador, que se revela conhecedor de todos os factos e, em simultâneo, objectivo e neutro em relação aos mesmos. Em oposição ao antigo realismo surgem novidades, como a rejeição do pessimismo e fatalismo encontrados e sobejamente utilizados pelos realistas; antes se procura então a solução para os problemas, muitas vezes descoberta nas doutrinas marxistas. Os neo-realistas, assim, assumem-se activistas políticos, inconformistas que procuram alterar o curso da sociedade, denunciando-lhe os vícios e os erros. Por outro lado, combatendo a herança passada numa frente diversa, desfruta-se de uma linguagem mais livre, que os modernistas já haviam alcançado. Aliás, há a assinalar como facto constante, em toda a história da literatura, uma progressiva concessão de liberdade linguística, desde a época da epopeia até aos textos da actualidade.
De entre os autores neo-realistas portugueses, destacam-se vultos como Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes (ao alto), Manuel da Fonseca, José Ernesto de Sousa e Fernando Namora. Mais tarde, a transição do neo-realismo para o existencialismo foi protagonizada pelo autor d’A Aparição, Vergílio Ferreira (ao meio). Na seguinte semana, a convergir com a proximidade do primeiro aniversário do museu do Neo-Realismo (acima), que se soleniza hoje, em Vila Franca de Xira, apresentarei uma biografia de Alves Redol, filho do nosso concelho.
1 comentário:
Tenho de ir a esse museu!
belo texto João! ;)
Enviar um comentário