sábado, janeiro 24

Cinema: Encantados pela Severa

Tendo escrito sobre o cinema sonoro em Portugal no meu último artigo, apresento-vos hoje o primeiro filme sonoro português, “A Severa”.

Neste filme, realizado por Leitão de Barros em 1931, não é esquecido o Fado e sendo sonoro não podia faltar a música característica de Portugal. Adaptado do romance de Júlio Dantas, este filme apresenta-nos a história da vida de Maria Severa, considerada a criadora do Fado.

“A Severa” apresenta-nos a sociedade portuguesa no século XIX, com as touradas, os trajes folclóricos e os campinos das Lezírias e a vida de uma cigana fadista, Severa, e a sua paixão pelo cavaleiro e fidalgo D. João, Conde de Marialva, também ele encantado pela sua voz, tal como o povo e a Nobreza.

É um filme inteiramente português. Contudo, como não havia um estúdio apto para a realização de um filme sonoro, foi realizado nos estúdios da Tobis em França. Apesar deste breve desvio por terras francesas, “A Severa” foi gravado em Portugal, em lugares como a Praça de Touros de Algés ou no Palácio de Queluz.

Após a conclusão de toda a produção do primeiro filme sonoro português, o filme de Leitão de Barros estriou no São Luíz, em Lisboa, sendo considerado um acontecimento nacional, no dia 18 de Junho de 1931.

Por ser uma novidade, por ser português e por apresentar Portugal no século XIX, com fado e touradas, “A Severa” conquistou o público e esteve em cartaz durante 6 meses e foi visto por cerca de 200 mil espectadores.

Este filme por muitos é considerado uma obra de arte, tão grandioso como “A Canção de Lisboa” ou “Pátio das Cantigas”, e outros que ficaram na história do Cinema Sonoro Português.
Hoje, após a sua restauração, encontra-se na colecção da Cinemateca Portuguesa.

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