sábado, janeiro 31

Cinema: O Cineasta do Regime

António Lopes Ribeiro, aos dezassete anos, dedicava-se à crítica cinematográfica no jornal Diário de Noticias. Contudo, a sua paixão pelo cinema revelou-se maior e estreou-se como realizador a 1928 com “Bailando ao Sol”, apresentando, num ponto de vista estático, a mulher do século XX.

Procurando novidades cinematográficas, viaja até a Alemanha e de lá recruta actores e técnicos alemães com o intuito de desenvolver o cinema português. Depois de adquirir novos conhecimentos e técnicas, chega a realizar o que nós chamamos hoje um Making of do filme Gado Bravo.



Durante o Estado Novo é convidado por António Ferro, na altura director do Secretariado de Propaganda Nacional, a realizar uma película sobre o regime salazarista. Assim em 1937, é realizado “A Revolução de Maio”, onde é apresentada a evolução promovida pelo Estado Novo.
Apesar desta produção, a preferência do público pela comédia revela-se, deixando para trás esta película. Após esta primeira parceria, António Ribeiro é nomeado director da Missão Cinematográfica às Colónias de África, em 1938, da qual o cineasta realiza o primeiro filme “Feitiço do Império” (1940) seguido de muitos outros documentários.



Após esta realização, António Lopes Ribeiro começa a ser chamado por “o Cineasta do Regime”.
Com o intuito de dar ao cinema português outro estatuto, cria em 1941, a sua própria produtora, a Produções Lopes Ribeiro.


Apesar da sua ambição da realização de longas-metragens, a sua carreira com cerca de 30 décadas, é dedicado à realização de documentários. As suas poucas longas-metragens são:
  • Gado Bravo, 1934,
  • Feitiço do Império, 1940
  • Pai Tirano, 1941
  • Amor de Perdição, 1943
  • A Vizinha do Lado, 1945
  • FreI Luis de Sousa, 1950
  • O Primo Basílio, 1959

Participa, ainda durante o Estado Novo, num programa na RTP, Museu do Cinema, no qual apresentava os filmes mudos. Todavia, após o 25 de Abril de 1975, António Lopes Ribeiro demite-se do programa para evitar condenações.

E como ironia do destino é convidado, em 1985, a regressar e voltar a apresentar o programa da RTP.

A última vez em que é falado o seu nome, numa grande ocasião, é quando o seu filme Pai Tirano é adaptado para o teatro, o qual falava, precisamente, sobre o teatro.

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