sábado, janeiro 10

Cinema: O Estado Nove recheado de Sonoridade e de Censura

A introdução do som nos filmes portugueses, permitiu aos realizadores explorarem novos e mais apelativos estilos cinematográficos. Antes disto, realizavam-se complicadas e nem sempre perfeitas dobragem que complicavam todo o processo de realização. O som veio facilitar e, de certa forma, melhorar o cinema em português.


Não só o som veio alterar o rumo do cinema português. Também o governo de António Salazar o fez, através da Censura. Salazar reconhecia o poder que o cinema exercia sobre as pessoas. Assim, através da arte cinematográfica conseguia transmitir as suas ideologias e apenas se podia ver o que fosse do agrado do ditador. Para que tal fosse conseguido surge primeiro a Inspecção Geral de Teatros (IGT) e em 1944 é reorganizada e passa ao Serviço Nacional de Informação (SNI), dirigido por António Ferro, o poder da censura sobre peças de teatros e películas cinematográficas.


A censura de cenas e/ou filmes era justificada por estes serem “fitas perniciosas para a educação do povo, de incitamento ao crime, atentatórias da moral e do regime politico e social vigorantes”. Assim, todas as cenas que mostrassem violência contra homens e mulheres, personagem nuas, assassínios, operações cirúrgicas e casas de prostituição eram excluídas dos filmes que passassem pelas mãos da Censura.


Filmes como “Sofia e a Educação Sexual” de Eduardo Geada, “Nojo de Cães” de António de Macedo, “Nem Amantes, Nem Amigos” de Orlando Vitorino, “Deixem-me ao Menos Subir às Palmeiras” de Lopes Barbosa e muito outros não tiveram a aprovação da Censura e assim, muitos realizadores viram as suas criações ficarem nas estantes à espera que anos mais tarde pudessem ser apreciados pelo público.


Apesar de muito filmes terem sido proibidos pela Censura, muitos outros foram reduzidos mas ainda assim tiveram sucesso entre o público, como “Maria Papoila” de Leitão de Barros que nos apresenta a história de uma rapariga humilde, em 1937.
Os filmes que eram exibidos ao público português durante o Estado Novo eram somente aqueles que não fossem contra as ideologias Salazaristas. Os realizadores viam as suas asas cortadas para nova experiencias e o público limitado a filmes que o Estado decidia poderem ser exibidos, sendo-lhes apresentado um leque pouco diversificado numa época de inovações.

1 comentário:

Anónimo disse...

ja tinha ouvido falar da "Maria Papoila"

a censura é um problema terrivel :/...alias...foi!...ou será que é...? o_O

enfim...temos que ir lá.