sábado, fevereiro 28

Cinema: "Gado Bravo" - Uma Vida Ribatejana

Hoje, na sequência do meu último artigo relacionado com os anos de ouro do cinema português, apresentarei o filme “Gado Bravo”.

Este filme, “Gado Bravo”, foi realizado por António Lopes Ribeiro (sobre o qual já escrevi um artigo intitulado “O Cineasta do Regime”), no ano 1934.

A história do filme é sobre a vida de Manuel Garrido (Raul de Carvalho), um criador de touros e um hábil cavaleiro tauromáquico. O seu coração está dividido entre duas mulheres. Branca (Nita Brandão), uma mulher sensível e símbolo das virtudes da mulher portuguesa; e Nina (Olly Gebauer), uma fascinante cantora estrangeira.

Este foi o terceiro filme sonoro português. No genérico do filme é apresentado como realizador António Lopes Ribeiro e como supervisor artístico e técnico o estrangeiro Max Nosseck, alemão refugiado em Portugal. Contudo, ainda hoje permanece a dúvida de quem realmente terá chefiado o filme “Gado Bravo”.

Os lugares escolhidos para serem gravadas as cenas de exteriores tudo tinham a ver com a vida ribatejana e dos toureiros, tão bem representada neste filme. Foram gravadas cenas em Valada do Ribatejo, durante cerca de 5 meses, e no Campo Pequeno, onde estiveram presentes inúmeros figurantes, que apareceram voluntariamente após serem publicados em revistas e jornais anúncios sobre as filmagens.

Após as filmagens no exterior estarem concluídas, foram gravadas em estúdio, na cidade de Paris, as restantes cenas de interior. Esta deslocação ao país criador do cinema mostra o atraso presente em Portugal, devido a inúmeros entraves, como a falta de equipamento actualizados, falta de apoios financeiros e ainda com a Censura sempre a impor-se. Todavia, a vontade de realizar e apresentar ainda as nossas raízes, mostrou ser a força necessária para continuarem a realizar excelentes filmes, com a assinatura portuguesa.
“Gado Bravo” estreou no Tivoli a 8 de Agosto de 1934. A par desta grande estreia, como complemento, foi também apresentado o documentário “Douro, Faina Fluvial” de Manuel de Oliveira.
Após a sua estreia, um dos colaboradores do filme apresentou uma queixa por terem alterado parte de uma música realizada por si. “Gado Bravo” foi retirado dos cartazes, mas passado alguns meses, as autoridades suspenderam a apreensão do filme e este regressou aos cartazes. Esta queixa apresentada contra os responsáveis pelo filme, contribui para o grande sucesso deste filme, devido à crescente curiosidade dos espectadores, após este pequeno contratempo.
Recentemente, este filme de António Lopes Ribeiro foi restaurado a partir do negativo existente na Cinemateca Francesa e com o apoio do seu equipamento técnico.

1 comentário:

Joana disse...

E eu conheci a Nita Brandão.mera visita regular da nossa casa em Nova Iorque. A ultima vez que a vii foi em 1983