sábado, novembro 1

Cinema: A vida criativa do Repórter X

Nasceu em Lisboa, a 10 de Agosto de 1897, Reinaldo Ferreira, conhecido pelo seu pseudónimo Repórter X.

Começou cedo a sua carreira jornalistica e foi considerado o maior repórter português.

A sua vida foi recheada de grandes projectos, muito deles bem sucedidos, entre eles a realização de uma reportagem sobre a “Rússia dos Sovietes”, criou os detectives de gabinete na literatura policial, fundou jornais e realizou filmes.
Em 1917, Reinaldo Ferreira estremece os lisboetas com um crime ocorrido na Rua Saraiva de Carvalho. Uma história cheia de bandidos, mortes, vilões e muito mistério, tal como ainda hoje podemos ver em muitos filmes e livros policiais. O crime encenado pelo Repórter X, apresentado em cartas enviadas por um desconhecido (assinando com o nome de Gil Goes), era publicado num jornal da altura, O Século. A história tornou-se tão empolgante entre os seus leitores, que houve a necessidade que se revelar toda a ficção por detrás daquele folhetim. Mais tarde, em sequência de todo o sucesso da criação do Repórter X, José Leitão de Barros transformou as cartas de Gil Goes num filme, em 1918, tendo sido também já editadas em livro.

O seu pseudónimo Repórter X, vem de um engano de um tipógrafo. Em 1920, Reinaldo Ferreira vai para a cidade de Paris com a sua mulher Lucília. Quando o Primo Basílio sobe ao poder, Reinaldo Ferreira decide regressar a Portugal. Mas antes da sua chegada, escreve uma critica direccionada ao ditador português assinada com o seu verdadeiro nome. Contudo, um amigo faz-lhe o aviso das represálias de que poderia ser alvo, fazendo-o então assinar como Repórter. Ao chegar às mãos do tipógrafo, este não vê apenas Repórter mas também um x. Assim com o pequeno erro do tipógrafo, Reinaldo Ferreira adopta o pseudónimo de Repórter X, como ainda hoje é conhecido.

Em 1923, Reinaldo Ferreira conseguem, em parceria com um produtor espanhol, realizar o seu primeiro filme, El Botones del Ritz (O Groom do Ritz), que estreou em Lisboa no ano seguinte.
Em 1926, na cidade Lisboeta, dá-se o assassinato da corista Maria Alvez, que foi estrangulada dentro de um táxi e deixada numa sarjeta. Baseado neste crime e noutros anteriores, o famoso Repórter X entra outra vez em acção e é publicado pelo jornal Janeiro o seu folhetim Táxi nº 9297 contando a história do assassinato imaginada por ele. Depois de esta sua história criminal ser adaptada em livro, é o próprio Reinaldo Ferreira que o converte em filme, nos estúdios da já inexistente Invicta Film. Com a estreia do Táxi nº 9297 em 1927, cria também a sua própria produtora, a Repórter X – Film.

Lucília Ferreira desfaz o seu casamento com Reinaldo Ferreira, em 1928. Todavia, o Repórter X não se deixa abater durante muito tempo, juntando-se com Carmen Cal no ano seguinte.

Depois de ser despedido do jornal Janeiro e de várias tentativas de criação de outros jornais, é em 1930 que consegue editar um jornal (findo em 1933), o Repórter X, com a ajuda financeira de um dos seus irmãos, Ângelo Ferreira. Mais tarde lançou ainda outros dois jornais, A Reportagem Semanal e o X.

Após alguns meses do seu internamento, em 1932, para uma desintoxicação, o grande Repórter X decide assumir a sua dependência da morfina. Apesar de se conseguir recuperar, essa recuperação dura pouco tempo, e em 1935 separa-se de Carmen Cal e nesse mesmo ano, o corpo do Repórter X perde toda a sua imaginação deixando para sempre a criação dos crimes que deliciavam os leitores do tempo.








Ainda durante a sua curta vida escreveu inúmeras novelas e realizou na sua produtora alguns filmes, entre eles, Rita ou Rito? (1927), Hipnotismo ao Domicílio (1927), Diabo em Lisboa (1926/28), entre outros.

Hoje, maior parte das suas produções cinematográficas estão incompletas ou totalmente desaparecidas, tal como a sua presença física e a sua criatividade cativante.

Sem comentários: