domingo, novembro 30

Música: Mini-biografia do Rei do Fado

Estamos no dia 25 de Fevereiro de 1891. Poderia apenas um dia qualquer. Porém foi neste dia que nasceu uma das maiores lendas do Fado de sempre.

Alfredo Marceneiro foi influenciado pela sua mãe em termos musicais, se bem que o seu pai e o seu avô (que tocava guitarra e cantava fados de improviso) também exerceram a sua influência.

Marceneiro seguia atentamente as cegadas, tomando assim mais contacto com o Fado, e cultivando o seu gosto pela representação.

“É num baile popular que se inicia a cantar o fado, começando logo a criar nome desde aí. Graças às suas capacidades passa a ser solicitado para cantar em festas de caridade, muito usuais na época como forma de solidariedade para com os mais desafortunados. Aos dezassete anos, consegue almejar o seu grande sonho: sair numa cegada.”

Foi na cegada “Luz e Sapiência” que Alfredo granjeia maior glória. Tanta que até ao fim da sua vida conseguia recitar de cor o seu papel nesta cegada. Uma das curiosidades acerca destas cegadas tem que ver com o facto de Marceneiro se…travestir.

Os anos 20 e 30 ricos em Fado de Marceneiro. Esses anos de contributo para o fado granjearam a Marceneiro a seguinte homenagem gravada numa placa:

Tem na garganta um não sei quê de estranho,
Que perturba e nos faz cismar:
É dor? É medo? São visões d'antanho?
Amor? Ciúme? É choro? É gargalhar?

É voz do fado - dizem - e eu convenho
Que ande na sua voz a voz do mar,
Onde Portugal se fez tamanho
E aprendeu a cantar e a soluçar.

O Marceneiro tem aquela atroz
Sonância d'onda infrene que em rochedo
Fareja e morde, impiedosa e algoz.

É voz roufenha que nos mete medo,
Mas que atrai, que seduz... É bem a voz
Do fado rigoroso, a voz do Alfredo.
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Profissionaliza-se no fado nos anos 40, sendo o Bairro Alto e Alfama os seus principais “reinos”, e até à sua morte e para além desta, Alfredo manteve-se e manter-se-á sempre o rei do Fado e eterno dono de Lisboa.

Créditos de imagens: Família de Alfredo Marceneiro

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