sábado, dezembro 20

Cinema: A Arte de Manoel de Oliveira

Neste meu segundo artigo dedicado a Manoel de Oliveira, irei revelar-vos todos os trabalhos realizados pelo cineasta português, onde estrearam e algumas curiosidades.

A primeira realização de Manoel de Oliveira tem como titulo “Douro, Faina Fluvial”, de 1931.

Neste documentário o cineasta retrata a vida quotidiana dos portuenses nas margens do rio Douro. Estreou no cinema Tivoli como um complemento ao filme “Gado Bravo” de António Lopes Ribeiro, apenas em 1934. Apesar de todo o empenho de Manoel, o documentário não teve a adesão pelo público que esperava. Manoel de Oliveira, como comentário à sua primeira obra cinematográfica, diz “Procurava fazer do cinema um meio de expressão.”

Os próximos filmes que realizou, diz Manoel de Oliveira, realizou-os durante um período de pausa do seu trabalho. “Nessa altura não estava a trabalhar e os meus amigos pediam-me para fazer filmes. Aceitava, (…) Para enganar o tempo, nada mais.”

São eles:

  • “Estátuas de Lisboa”, 1932

  • “Hulha Branca”, 1932

  • “Miramar, Praia de Rosas”, 1938

  • “Já se Fabricam Automóveis em Portugal”, 1938
  • “Famalicão”, 1940


“Aniki-Bóbó” foi a primeira longa-metragem que o cineasta realizou. Este filme tem um carácter um pouco violento. Dai não ter sido aceite pelo público português. Nesta obra de Manoel de Oliveira realizada em 1942 retrata a vida de um triângulo amoroso infantil. Os dois rapazes ao longo da metragem tentam conquistar o coração da rapariga. Todavia, um dos moços sofre um violento acidente do qual é acusado o outro rapaz.

Para este filme, Manoel de Oliveira teve como inspiração a sua infância vivida cheia de aventuras. Também ele e a sua prima brincavam como os protagonistas desta sua longa-metragem.

Estreou-se no cinema Eden, no mesmo ano e elogiado por especialistas estrangeiros do cinema.

Após um estágio em Alemanha, quando regressou, Manoel de Oliveira aplicou tudo o que tinha aprendido no documentário “O Pintor e a Cidade”, em 1956. Neste documentário é-nos apresentada a cidade do Porto vista por nós, meros cidadão, e como o pintor António Cruz a vê, expressando através das suas aguarelas. Manoel de Oliveira diz ser esta “a obra fundamental da minha carreira, na mudança da minha reflexão sobre o cinema.”

Foi apresentado ao público no São Luís e no Alvalade em 1956. Foi aplaudido tanto pelos críticos portugueses como pelos estrangeiros.

Entre em 1958 e 1974 Manoel de Oliveira realizou outros filmes, sendo eles os seguintes:
  • “O Coração”, 1958 (inacabado)

  • “O Pão”, 1959

  • “O Acto da Primavera”, 1963

  • “A Caça”, 1963

  • “Villa Verdinho – Uma Aldeia Transmontana”, 1964

  • “As Pinturas do Meu Irmão Júlio”, 1965

  • “O Passado e o Presente”, 1971

  • “Benilde ou a Virgem Mãe”, 1974
Em 1978, Manoel de Oliveira realiza “Amor de Perdição”, outra obra envolvida de polémica. Esta longa-metragem é uma adaptação da obra literária de Camilo Castelo Branco. Após ter sido apresentado na RTP em seis episódios, foi considerado um ultraje à literatura portuguesa pela incompreensão do público português às inovações cinematográficas aplicadas por Manoel de Oliveira. Como muitas outras obras de Manoel, esta longa-metragem foi aceite pelos estrangeiros de bom grado. De certa forma, os portugueses ignoravam, uma vez mais, um grande talento português que teimou em fazer em Portugal as suas obras-primas.
Nos anos 80, Manoel realizou filmes como:
  • “Francisca”, 1981

  • “Visita ou Memórias e Confissões”, 1982

  • “Lisboa Cultural”, 1983

  • “Nice – À Propos de Jean Vigo”, 1983

  • “Simpósio Internacional de Escultura em Pedra”, 1985

  • “Le Soulier de Satin”, 1985
  • “Mon Cas/O Meu Caso”, 1986

  • “A Propósito da Bandeira Nacional”, 1987

  • “Os Canibais”, 1988

De 1990 a 1999 realizou:

  • "Non ou Vã Glória de Mandar” 1990

  • “A Divina Comédia”, 1991

  • “O Dia do Desespero”, 1992

  • “Vale Abraão”, 1993

  • “A Caixa”, 1994

  • “O Convento”, 1995

  • “E Un Poignée de Mains Amies”, 1996

  • “Party”, 1996

  • “Viagem ao Principio do Mundo”, 1997

  • “Inquietude”, 1998

  • “A Carta”, 1999

  • “A Vida e a Morte”, 1999

    Nesta década de 90, da lista acima que referi, destaco um filme: “Non ou a Vã Gloria de Mandar”, o que marca o inicio desta década.
Esta é uma longa-metragem de recordação do passado português. Apresenta-nos recordações da guerra colonial e uma reconstituição perfeita da batalha de Alcácer-Quibir. Esta longa-metragem é também uma reflexão de Manoel sobre os caminhos tomados pela história de Portugal e sobre a nossa identidade. Por isso, acho que é um filme importante para o nosso enriquecimento pessoal enquanto portugueses.

Na viragem do século, Manoel de Oliveira celebra o novo ano com a rodagem de “Palavra e Utopia”, 2000. Em seguida realiza “Porto da minha Infância” em 2001.
“Porto da Minha Infância” é um documentário realizado a pedido do produtor Paulo Branco com a finalidade de ser apresentado em Porto 2001, Capital Europeia da Cultura. Manoel enfrentou algumas dificuldades devida às transformações que estavam a ser realizadas na cidade. Contudo, o cineasta conseguiu contorna-las e viu assim um oportunidade de evocar a cidade da sua infância. Através de “Porto da minha infância” podemos ver uma cidade da primeira metade do século XX, diferente da que podemos vemos hoje. Vemos a cidade que apenas através das memórias de Manoel de Oliveira, presentes neste documentário, temos a oportunidade de ver.

Desde o inicio do século XXI, para além de “Palavra e Utopia” e “Porto da Minha Infância”, Manoel de Oliveira realizou outros filmes como:
  • “Vou Para Casa”, 2001

  • “O Principio da Incerteza”, 2002

  • “Momento”, 2002

  • “Um Filme Falado”, 2003

  • “O Quinto Império – Ontem como Hoje”, 2004

  • “Do Visível ao Invisível”, 2005
  • “Espelho Mágico”, 2005

  • “O Improvável não é Impossível”, 2006

  • “Belle Toujours”, 2007

  • “Rencontre Unique”, 2007

  • “Cristóvão Colombo – O Enigma”, 2007

  • “Singularidade de Um Rapariga Loura”, em rodagem.
Como podemos constatar, a vida de Manoel de Oliveira é rica em produções cinematográficas. Devemo-nos orgulhar deste artista que tanto se esforça por fazer produções cinematográficas inteiramente portuguesas e que merece cada prémio, cada aplauso e cada homenagem feita a si a às suas obras.
No meu próximo artigo irei apresentar-vos os filmes galardoados que recompensam cada esforço e empenho de Manoel de Oliveira na realização de todos os seus filmes.

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