sábado, dezembro 13

Cinema: O Centenário do Mestre Oliveira

Os próximos artigos que vos irei escrever serão destinados à vida, à carreira de Manoel de Oliveira. É ao centenário cineasta português a quem vou dedicar os meus próximos artigos. Espero que conheçam e gostem do grande génio que nasceu português. Neste primeiro artigo irei apresentar-vos a vida pessoal do cineasta.


Manoel de Oliveira não só teve uma vida recheada de sucessos cinematográficos como também viveu momentos importantes do nosso país. Presenciou momentos históricos, culturais e políticos.

Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu no Porto, dia 11 de Dezembro de 1908, ou seja, há 100 anos comemorados há poucos dias. Frequentou, em finais dos anos 20, a escola de actores criada no Porto pelo realizador Rino Lupo. Na sua adolescência dedicava-se ao desporto. Praticou atletismo e ginástica e foi vice-campeão durante três anos de salto à vara. Devido às suas vitórias foi modelo do escultor Henrique Moreira para a realização da estátua O Atleta. Oliveira era também apaixonado por carros participando em corridas tanto em Portugal como no Brasil.

A sua paixão pelo cinema começou quando em 1913, com 5 anos, o seu pai o levou a ver o seu primeiro filme. Em 1928 tive a sua primeira participação no filme “Fátima Milagrosa” de Rio Lupo. Aqui começava o seu gosto pelo cinema e pela carreira de actor, especialmente de comédia. Em 1933 participou, ao lado de Vasco Santana, no filme “Canção de Lisboa”, de Cotinelli Telmo, do qual é o único que ainda está vivo.

A 4 de Dezembro de 1940 Manoel de Oliveira casa-se com Maria Isabel Brandão Carvalhais. Assumindo outras responsabilidades, abandona as competições desportivas e os carros.

Dois anos depois, Oliveira realiza da sua primeira longa-metragem Aniki-Bobó, que não obtêm sucesso em Portugal e sem subsídios para filmar, dedica-se, durante os próximos 14 anos, ao negócio de família e à agricultura numa quinta da sua mulher.

Apenas volta à realização cinematográfica em 1956, após um estágio na Alemanha onde estudou o cinema com cor e onde adquiriu aparelhos cinematográficos, realizando depois “O Pintor e a Cidade”.

Em 1963 foi detido pela PIDE, o que deu origem a dois baixos assinados para que a sua libertação ocorresse. Em 1976, Manoel de Oliveira foi obrigado a fechar a sua fábrica de passamanaria, que herdou do seu pai, devido à invasão do PREC. Assim teve de vender a sua casa e regressar ao cinema para pagar as suas dívidas.

Neste seu regresso ao activo fez a adaptação de “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco e a partir de 1978 nunca mais parou de realizar os seus excelentes filmes até aos dias de hoje. Na comemoração do seu centenário, o cineasta estava, e ainda está, a realizar “Singularidade de uma Rapariga Loura”.

A sua morte, que espero ser só daqui a alguns anos, irá ficar marcada pela exibição de um filme. Manoel de Oliveira deseja que o filme “Visita ou Memórias e Confissões” apenas seja exibido após o fim da sua vida produtiva de filmes extraordinários e estimulantes de recordações e sentimentos.
No meu próximo artigo irei revelar-vos todos os documentários, curtas e longas-metragens realizadas por Manoel de Oliveira.

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