terça-feira, dezembro 9

Música: Amália I - Os primeiros anos/Nascendo uma diva

No mês da estreia do primeiro filme sobre a diva do Fado, importa dar a conhecer aos menos conhecedores da vida da artista os primeiros passos na carreira musical e os primeiros anos da vida de uma fadista que viria a ser a lenda do Fado. E as palavras da própria Amália ilustram bem este início de uma história que se revelaria longa...


"Dizia-me a minha família que aos 4 anos já ganhava a vida a cantar, pelas vizinhas que diziam, "ó Amália anda cá, canta lá esta". E eu cantava. E depois lá pelos 7, 8 anos comecei a ouvir as vizinhas lavar a roupa na selha e cantar o Fado, que eu não sabia o que era Fado. Depois, aos meus 12 anos comecei, já internacional, a cantar os tangos do Gardel, que ouvia nas fitas, e vinha para casa sem saber o que dizia, mas ouvia o som, o som das palavras soava-me como parecia que era, e quase que era, porque no fundo como sabe a língua espanhola é muito parecida com a nossa, e para quem tem um ouvido e um poder dedutivo entende mais depressa do que uma pessoa que não tem ouvido, nem esse poder. Então, eu quase que imediatamente aprendia as coisas. E então cantava o Carlos Gardel todo. "
Consta que aos 15 anos Amália, ao vender fruta pelo Cais da Rocha de Alcântara, com a família, é notada no bairro pelo seu timbre de voz especial, o que leva a que a escolham para solista da Marcha de Alcântara, estreando-se em 1936 nas ruas de Lisboa, ficando as marchas populares no seu reportório.

É o ensaiador da Marcha quem insiste para que Amália se apresente no Concurso da Primavera, organizado para descobrir uma nova cantadeira. Porém, Amália acaba por não concorrer, pois as outras participantes recusam-se a competir com ela. Entretanto, também durante esses ensaios, é notada por um assistente que a recomenda a Jorge Soriano, director da casa de fados mais famosa da época, Retiro da Severa. A audição é um sucesso, mas, com a família contrariada, Amália acaba por não aceitar o convite.

Estreia-se finalmente no Retiro da Severa, em 1939, acompanhada por Armandinho, Jaime Santos, José Marques, Santos Moreira, Abel Negrão e Alberto Correia, interpretando três fados.
O êxito no Retiro da Severa pega como um rastilho e espalha-se por Lisboa e de um momento para o outro, todos querem ouvir esta nova cantadeira, e todas as casas de fado a querem contratar. Amália torna-se rapidamente cabeça de cartaz. Num espaço de poucos meses, Amália passa também a actuar no Solar da Alegria e no Café Luso. Até essa altura, Ercília Costa, Berta Cardoso, Hermínia Silva e Alfredo Marceneiro eram os ídolos máximos do fado, mas com a aparição de Amália tudo se vai modificar.

A fama cresce, e Amália torna-se na favorita dos portugueses. Por onde actua faz esgotar lotações; os preços dos bilhetes sobem mal é anunciada. Em poucos meses atinge uma popularidade tal que o seu cachet é de longe o maior até então pago a uma fadista. Tão rápido é o êxito de Amália nos retiros fadistas que logo a chamam para o teatro. Estreia-se em 1940, como atracção da revista "Ora Vai Tu", no Teatro Maria Vitória...Depois disto, muitas mais glórias viriam...mas isso é história para outro artigo...

Agradecimentos: www.amalia.com

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